Em nova entrevista, Daron Malakian fala sobre arte, política e frustrações
Em entrevista exclusiva à edição alemã da Metal Hammer, Daron Malakian falou sobre seu novo álbum com o Scars On Broadway, posição política, processo criativo e System of a Down. Confira os principais pontos da entrevista.
O mundo está de cabeça pra baixo, e é disso que o novo álbum do Scars fala
Daron comentou que o álbum Addicted to Violence é um reflexo direto do caos que estamos vivendo no mundo. Para ele, a dessensibilização da sociedade, o vício em redes sociais e a falta de empatia estão criando um novo tipo de insanidade coletiva. A música Killing Spree, por exemplo, fala sobre os tiroteios em escolas e em como estamos normalizando esse tipo de atitude.
Posso listar um monte de coisas que contribuem para um moleque entrar numa escola e atirar nos colegas. Não culpo as armas. Temos armas há muito tempo, mas ninguém fazia isso naquela época. Então, o que mudou nos nossos cérebros desde então?
Ele acredita que as suas composição são “fora da casinha” pois refletem o que ele vive no mundo atual. Antigamente, as letras falavam de amor, hoje em dia se tornaram sombrias e isso é uma forma de expressão totalmente válida também.
Esquerda ou direita? O posicionamento político de Daron
Quanto à política, apesar de evitar ao máximo falar do assunto, não se identifica com nenhum extremo. Ele tem opiniões que combinam com a direita e opiniões que combinam com a esquerda, e não toma nenhum lado. Para Daron, as pessoas estão escolhendo radicalmente um ou outro lado, e deixando de ter suas próprias opiniões sobre os assuntos.
Esse é o problema hoje em dia: as pessoas escolhem um lado e adotam todas as posições dele, mesmo quando algumas posições não têm nada a ver uma com a outra. Nos EUA, se você acredita no direito de ter armas, você também tem que acreditar que aborto é ruim. Se você não gosta de armas, você deve acreditar que aborto é bom. Eu tenho que perguntar: “O que uma coisa tem a ver com a outra?”
Sobre o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Daron não é nem a favor, nem contra. Ele acredita que o político não é mais maluco do que George Bush, que bombardou sua família no Iraque.
Daron tem tantas músicas escritas que poderia lançar dois ou três álbuns
Sobre as composições, Daron afirmou que tem material suficiente para lançar dois ou três álbuns se quisesse, e que não parou de compor desde a época de Mesmerize e Hypnotize, do System of a Down. Ele diz que suas composições não são direcionadas a uma ou outra banda, que ele escreve para si. E mesmo se não existisse nenhuma das duas bandas, ele ainda assim escreveria músicas e compartilharia com o mundo.
Ele compartilhou uma frustração sobre isso, dizendo que Lonely Day poderia ter entrado no primeiro álbum do Scars, mas acredita que ela não teria tido tanto sucesso quanto o que teve sendo lançada pelo System of a Down. O sucesso das músicas é ditado pela marca da banda pela qual é lançada, e não pela qualidade do som, e isso é algo que o frustra enquanto compositor.
E sobre o System of a Down?
No início da entrevista, Daron estabeleceu uma regra: sem perguntas sobre os bastidores do System of a Down. Porém, ele mesmo acabou trazendo a pauta, dizendo que tem muito orgulho de tudo o que conquistaram, e que as pessoas nunca imaginaram que quatro armênios pudessem ter tanto sucesso quando o que o SOAD conquistou ao longo dos anos.
Ainda sobre esse assunto, Daron alfinetou a mídia musical dizendo que tudo o que sabem fazer atualmente é soltar notícias “clickbait” e focar em “picuinhas”.
Como irmãos, como qualquer família, nós temos desentendimentos. Mas nós nos amamos. Se algo acontecesse com um deles, eu ficaria devastado. Com o System, ninguém fala mais sobre a música. É mais sobre: “Esse cara não vai fazer turnê, aquele cara não vai fazer um álbum…” Eu não quero fazer parte disso.
📷: Greg Watermann