System of a Down promete shows inovadores na turnê sul-americana
Para os membros do System of a Down, o espírito de sobrevivência é algo que está no sangue. Nascidos na Califórnia, mas descendentes de armênios que escaparam do infame genocídio de 1915 – perpetrado pelo Império Otomano contra os povos do Cáucaso, Serj Tankian, que comanda o quarteto conseguiu manter o grupo em funcionamento desde os anos 90 e sacudiu a cena americana de hard rock, depois de um hiato de quatro anos, que terminou em 2010, uma década após o lançamento de seu último álbum de estúdio, o Hypnotize (2005).
“Em certo ponto eu acho que estamos melhores do que nunca”, diz o baterista John Dolmayan por telefone, direto dos Estados Unidos, questionado sobre a situação atual dos autores do ‘Toxicity’ que estão perto de voltar ao Chile. Será em 27 de setembro, no antigo aeroporto de Cerrillos, como atração principal do festival Santiago Gets Louder, muito diferente da estréia no Chile em 2011 – com um show solo no estádio Estadio Bicentenario Municipal de La Florida, e ainda mais longe do concerto de 24 de abril, em Yerevan, capital da Armênia, para celebrar o centenário do massacre que matou e forçou milhões a fugirem de seus familiares.
“Para nós, foi honestamente a coisa mais importante que fizemos como banda”, diz Dolmayan sobre a apresentação massiva de duas horas na Praça da República, que fechou a turnê ‘Wake Up The Souls’. “Foi muito trabalhoso, tivemos que levar tudo para o país, porque eles não estão acostumados a receber grandes concertos. Geradores, amplificadores, banheiros portáteis… Coisas que se tem como certo em outros lugares, mas lá eles não tinham” ele detalha.
Agora retornaram com shows nos EUA e farão uma turnê sul-americana. Você tem boas lembranças de sua viagem anterior ao Chile e na região?
Toda a turnê na América do Sul foi ótima. Temos quase 20 anos juntos como uma banda e realmente nos surpreendeu muito quando fomos pela primeira vez, pela quantidade de pessoas que foram até nós para ver os shows, que se reuniram nos aeroportos. Nós apreciamos muito o que os fãs fazem, são muito dedicados.
Como será o show que irão apresentar no Chile?
Ainda estamos definindo quais músicas que vamos tocar. Sabemos que o Rock in Rio e o show no Chile serão no contexto de festivais, então não podemos nos alongar e tampouco tocar o mesmo como na última vez. Infelizmente, nós ainda não lançamos um novo álbum, por isso temos que tocar músicas antigas, mas a ideia é montar algo interessante para as pessoas verem um novo show.
Você ainda gosta de tocar as músicas dos primeiros álbuns?
Claro, sempre. Há algo que leva você para um outro tempo. Eu tinha 25 anos quando o primeiro álbum saiu, eu tenho 43 agora, então é como voltar a esse tempo. No geral, eu acho que nós somos muito felizes. Os atletas chegam aos 30 ou 35 anos e encerram a carreira, passam o resto de suas vidas sem saber o que fazer. Podemos continuar isso para o resto de nossas vidas, seguir crescendo.
Vocês já conversaram sobre a possibilidade de lançar um novo álbum?
Isso vai acontecer. Eu não sei quando. Teremos o nosso tempo. Dez anos se passaram desde que lançamos o último álbum, então nós não queremos nos apressar para lançar qualquer coisa. Tem que ser o disco de nossas vidas, e mesmo que não seja, esperamos que seja igual ou melhor que o último, então eu acredito que não há nenhuma maneira para fugirmos disso [risos].
Você se incomoda que continuem lhe perguntando de um novo material?
Nem um pouco. Eu entendo completamente. Nós não estamos mortos, estamos vivos e não há nenhuma razão para não fazermos um ou três discos nos próximos anos. Particularmente, eu acho que foi um erro ter perdido tantos anos, porque foi um tempo limitado da vida em que tudo poderia ser produtivo. Lamento que não apresentamos nada nos últimos dez anos, mas ao mesmo tempo entendemos que as coisas tenham que seguir um curso natural.