[Kerrang!] A dedicação de Serj Tankian para melhorar o mundo
Kerrang! Magazine edição 1571 | Entrevista por Paul Travers
Como um verdadeiro herói, o vocalista do System of a Down dedicou sua vida para melhorar o mundo…
Serj Tankian não se considera um herói. “Eu não salvei a vida de ninguém por arrastar uma pessoa de um prédio em chamas ou operar e remover um rim canceroso ou qualquer coisa assim”, ele protesta. “Eu acho que nós somos bons em inspirar pessoas, mas eu acho que a palavra ‘herói’ é um pouco supercompensada. É um pouco demais para esse tipo de trabalho.”
Pode soar um pouco Monty Python ao se sugerir que só um verdadeiro herói nega sua heroicidade, mas você teria que ver com um certo grau de suspeição qualquer um que abraçasse o manto facilmente. E, para todos os seus protestos, o vocalista do System of a Down se encaixa melhor que a maioria.
Em termos puramente musicais, Tankian tem sido uma inspiração para milhões de pessoas, suas acrobacias vocais e sua entrega única fazem um papel integrante na ascensão de uma das maiores e mais incendiárias bandas das últimas duas décadas. System of a Down foi inicialmente aglomerada ao conjunto do nu-metal, mas a sua pegada retorcida e levemente surreal sobre o ruído thrashy ainda melódica logo a viu de pé em uma área de unicidade. Sua estréia auto-intitulada saiu como uma bomba, enquanto Toxicity, de 2001, estreou no número um nas paradas da Billboard, estabelecendo-os como a primorosa banda de metal do novo milênio. Quando o System entrou em hiato em 2006, Serj continuou a ser produtivo e criativo sem medo lançando uma série de álbuns solo que exploraram tudo, do rock ao clássico e ao jazz instrumental.
A única coisa que separa Serj Tankian da maioria de seus pares rockstars, no entanto, é a maneira como ele usa seu status para manifestar e de incansavelmente fazer campanha sobre questões de justiça social. Olhe para estas questões ao redor das páginas e você não vai encontrar outro músico que já foi premiado com uma medalha por sua contribuição para a causa.
“Foi uma lição de humildade.” Serj encolhe os ombros ao falar sobre a cerimônia Prime Minister’s Memorial Order, ele foi premiado pelo primeiro-ministro armênio em 2011 por sua contribuição para a campanha do reconhecimento do genocídio armênio e o avanço da música. “Mais do que tudo, porém, foi uma oportunidade de sentar com o primeiro-ministro e ter uma conversa direta privada sobre assuntos armênios e coisas diferentes que eu queria falar. Essa oportunidade foi dourada e tão honrosa quanto o prêmio para mim.”
Lutar pelo reconhecimento formal mundial do genocídio armênio tem sido um esforço importante para todos os quatro membros do armênio-americano System of a Down, e sua recente turnê Wake Up The Souls foi concebida para chamar a atenção ao 100º aniversário daqueles acontecimentos terríveis. Serj descreve a turnê e seu clímax em um concerto ao ar livre gratuito na capital armênia, Yerevan – o primeiro show da banda em sua espiritual terra natal – como o show mais emocionante e importante que ele já fez dentre todos. O cantor também fez parceria com o guitarrista do Rage Against The Machine, Tom Morello, para criar a Axis Of Justice, uma organização que atua “como um guarda-chuva para dar informações, recolhendo fundos para diferentes catástrofes e lutando por justiça social”.
Então, ele pensa que é importante para os artistas usarem sua posição como uma plataforma e para falar sobre questões importantes? “Tem sido para mim pessoalmente porque eu era um ativista antes de ser um músico, mas não é necessariamente verdade para todos, e dessa forma está tudo bem também. Apenas inspirar as pessoas na vida e se relacionar com elas, ou tê-las relacionadas a uma música que você compôs tem significado também”, ele diz.
“As pessoas que eu vejo como heróis são as pessoas que todos nós vemos como heróis – alguém como Gandhi, Che Guevara, Martin Luther King Jr. As pessoas que submeteram suas próprias vidas e crença em termos de justiça social e o que é bom para a maioria das pessoas. Há bons políticos que fizeram isso em muitos países diferentes – muitas vezes a partir do meio de uma rixa de políticos horríveis. Há tantas pessoas que fizeram sua marca lutando nesse tipo de esforço, tentando fazer do mundo um lugar melhor do que eles nasceram.”
Alguém que luta para tornar o mundo um lugar melhor do que aquele em que nasceu parece como uma sólida definição de um herói para nós. E por mais que Serj possa alegar o contrário, ele se encaixa perfeitamente nesse contexto.
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